domingo, 21 de março de 2010

Ode à tatuagem

Então, eu estava lá com uma caveira mexicana em preto e branco no peito. Depois chegou o Elvis e o Jim Morrison. Elvis é o nome do meu tatuador, mas eu não me surpreenderia se o espírito do rei estivesse lá dançando e me dando apoio com o do Jim. Esse eu tenho certeza que tava porque eu fiz questão de levar a discografia completa do Doors pra tocar nesse meu momento de tortura, já que minha companheira de automutilação não compareceu dessa vez e eu já estava nervoso o suficiente pra ouvir a música eletrônica que toca no estúdio.

Agora quando eu mostrar a tatuagem não preciso mais dizer "mas falta pintar". E também não preciso mais ficar ouvindo "deixa assim só no traço". Está tudo acabado, como tem que ser. Agora, meu peito arde em brasa e isso não é uma figura de linguagm. Mas tudo bem! Não vou finjir que não desejei pegar a agulha e furar os olhos do Elvis nos momentos de dor, mas eu me contive. E ele continua enxergando, até porque ele tem que terminar a do meu irmão.

O problema é que, provavelmente, eu vou ter que continuar respondendo "mas o que significa?", como se eu tivesse cara de wikipédia. Pra mim, significa que eu sou louco, só isso. Assim como inúmeros outros loucos que se tatuam por aí. Significa que eu fui idiota o suficiente pra pagar pra sentir dor e ainda gostar disso. E muito. Certamente eu devo ter lgum tipo de problema, mas não por isso. E sim porque meu pai disse pra eu dar um nome pra caveira... e eu dei. Então, eu saí de lá com uma caveira colorida no peito, a Soraya Queimada.

domingo, 7 de março de 2010

Ode ao escritor

Porque saiu um conto do Bukowski na Playboy gringa falando sobre escritores. E concordo com ele quando fala que é difícil escrever sobre "escever". E olha que ele é o Bukowski...

Outro dia, na sala de aula, o professor perguntou quem ali tinha nascido pra escrever. Eu levantei a mão pra perguntar outra coisa, mas acabou parecendo que eu levantei porque eu era o único ali que tinha nascido pra escrever. Mas foda-se! Eu tô numa faculdade de jornalismo e eu quero trabalhar em redação. É obvio que eu nasci pra escrever. Se eu tivesse nascido pra fazer pão, eu seria um padeiro. E se eu tivesse nascido pra roubar, eu seria o Edir Macedo. A questão não é se eu escrevo obras de arte ou lixo. A questão é se eu escrevo... e eu escrevo.

Quando o David Nasser estava desencantado e parou de escrever, a esposa dele disse algo como "e o que mais você sabe fazer? Volta a escrever, porra!". E o Bukowski disse que depois do alguns anos como escritor, a alma, a pessoa, a criatura fica inútil pra fazer qualquer outra coisa. Isso pode ser verdade... Reparem, eu não estou falando que eu sou um escritor, nem tô me comparando com esses caras que são foda. Não tem nada a ver com pretensão. Só tô dizendo que eu gosto de fazer o mesmo que eles. Só isso.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Ode à missa

Lá estava eu na igreja. Orando pela minha alma suja de cerveja e agradecendo por estar trabalhando na Famosa Revista de Mulher Pelada. Culpa da minha avó, que é bróder de Deus e disse que esse era o mínimo que eu podia fazer depois de passar num processo difícil. E eu fui...

Eu acharia tudo isso meio irônico se não tivesse tido um professor que trabalhou na mesma revista e era formado em teologia e filosofia. Só não era padre porque não usava batina. Tudo isso só faz pensar que religião e mulher pelada tem tudo a ver. São dois lados de uma mesma moeda velha e carcomida.

Não, eu não sou ateu. Acho triste quem é. Só acho que há outras formas de agradecer a Deus, ou a quem quer que seja, sem ir à igreja. Não, minha pele não começa a queimar se eu piso numa igreja, mas eu não gosto muito delas. Tem gente que se sente bem, que acha catártico, mas eu não. Eu só acho uma obrigação desnecessária. Porque se Deus está mesmo em todo lugar como dizem, por que, então, só lá ele vai te ouvir?